Crianças, DPM
Crianças estressadas?!!!
É demais, não é?
Essa eu preciso contar para vocês...
Dia desses passei no consultório de minha meio-irmã, Dra. Priscila Pinato Mattoso, pensando em contar pra ela, ao vivo e a cores, que vou ser papai de novo.
Qual não foi minha surpresa, o chiquérrimo consultório da mana estava lotado de crianças. Uns choravam, outros gritavam, outros viravam tudo de cabeça para baixo, outros tocavam terror como podiam. Pensem que o consultório “psicológico” da Priscila fica numa mini-fazenda, dentro da cidade, com 20mil metros quadrados de gramado, jardins, flores, árvores, enfim a paz que eu imagino que só haja no céu.
Mesmo assim, aquele enorme espaço e o ambiente todo estavam quase sendo “detonados” pela criançada.
Fiquei meio sem jeito com a visão dantesca e perguntei o que estava acontecendo. Ela com aquele seu sorriso maroto, de menina e de anjo, com aquela ‘tranquilidaaaade’ que só os psicólogos têm respondeu: “Naaada! São apenas crianças estressadas...”
Essa não! Nunca imaginei que uma criança pudesse ter motivos para ficar estressada, até porque, meu primeiro filho, o Breno, desde o ventre da Mariana, minha mãe - que é uma vidente daquelas! -, já dizia que ele era um “anjo lindo”. Então, os anjos não se estressam, não é?
Fiquei tentando imaginar como seria, ser o pai de uma criança assim, sendo eu, o campeão do “stress”, não consegui nem vislumbrar a situação e fui perguntar de novo para a Priscila: - mas como é que uma criança, pode ficar estressada?
-“ Por vários motivos e de várias formas - falou Priscila -, mas a forma que estou estudando e trabalhando nelas é aquela causada pelo DPM, Distúrbio de Personalidade Múltipla. Trata-se de uma espécie de desfolhamento da mente, que passa a se manifestar no mundo social com várias personalidades, como se existissem várias identidades. Cada uma delas com suas características, individualizadas e independente da outra, com sua história de vida, sua visão de mundo, suas virtudes, problemas, sentimentos e pensamentos. Todos vivendo, simultaneamente, mas cada um se manifestando ao seu tempo, de modo que não pareçam loucas. E, realmente, elas não são loucas porque as personalidades se coordenam de modo a que cada uma fale e aja em determinado período ou situações, ficando seu comportamento, aparentemente, “ normal”.
A ciência da psique não é pacífica quanto o DPM, nem quanto às suas causas, entretanto, a maioria dos que ousa estudar o assunto constata que o desencadeamento do processo do DPM é emocional, ocorrendo quando uma pessoa sofre uma agressão com a qual não consegue lidar internamente, ela se socorre de outros egos para carregar o peso, que para ela, pareceu insuportável.
A maioria das crianças abusada sexualmente desenvolve este tipo de distúrbio. Outras formas de agressão, mais ou menos profundas, também produzem o DPM. Partindo deste ponto, decidi estudar crianças que de alguma forma foram agredidas e não conseguindo pacificar seu interior, deram inicio ao processo.
Para sua melhor compreensão, vou citar como exemplo, uma criança que acompanhei, ainda em Manaus, quando estudava na ULBRA. Ela havia sido agredida emocionalmente com o ambiente familiar, decorrente da própria vida que sua família adotava. Pais alcoólatras, ela com oito anos de idade, a mais velha de oito irmãos. As três crianças mais velhas – ela própria, a de sete e a de seis anos -, foram sexualmente abusadas pelo próprio pai e agredidas, diuturnamente, pelo pai e pela mãe.
A reação da mais velha, a que eu tratei, foi a de dormir na sala de aula e, às vezes, de ficar em estado catatônico, sem apresentar causa patológica, nem fisiológica. Os estudos desenvolvidos mostraram que aquela criança estava iniciando o processo do DPM. Observei que ela ficava naquele estado catatônico porque uma “personalidade”, que assumiu o controle da sua mente, não sabia andar. Então decidi ensiná-la a andar, como se fosse uma criança de dez meses de idade. Logo em seguida a criança começou a andar e a falar normalmente. Depois disso, aquela personalidade que se apresentava como um homem adulto e tinha uma força física descomunal e desproporcional para o corpo da menina, fazia com que ela andasse embrutecida e sem feminilidade e levantava pesos absolutamente incompatíveis com a força daquele pequeno corpo.
Passei a conversar com “ele” instruindo para que olhasse para o tamanho do corpo da menina, para que ele não inviabilizasse a vida “deles”, para que entendesse que o corpo físico que possuía não poderia carregar aquele tanto de peso e que ele deveria estudar na escola. Em seguida passei a incentivá-lo, para que me contasse o que havia ocorrido com ele. Relatou todos os abusos sexuais e físicos sofridos “ por ele” e por suas irmãs, principalmente, quando os pais chegavam em casa bêbados.
Orientei toda a catarse necessária, para que ocorresse a liberação daquela dor, coroando o tratamento com o perdão daqueles infelizes pais. A menina se curou, cursou a escola normalmente e ingressou no mundo dos “normais”. Entretanto, o homem interno, lá permaneceu vigilante e forte, mas ajustado à vida de uma menina e depois, de uma adolescente, até quando nos mudamos para Brasília e deixei de vê-la.
A contar desse caso, interessei-me por crianças que estivessem em fase de criar um DPM. Muitas crianças já atendi, acompanhei e orientei. O que você vê aqui hoje, é isso. Se estas crianças fossem levadas a um religioso espírita, provavelmente ouviriam: “ela esta sendo vítima de um obsessor”... De certa forma é mesmo um obsessor, imagine que “ele” SEJA UM INTRUSO na vida de uma menina. Contudo, a pergunta era inevitável: de onde “ele” veio com aquela força física descomunal para o corpo de uma menina? Porque “ele” e não “ela”? Porque a força física? Porque “ele” não sabia andar?
Todos estes questionamentos me levaram a pesquisar, incessantemente, até descobrir que o DPM não ocorre somente com crianças que tenham sofrido abusos ou agressões, que também ocorria com adultos, que não tinham sido abusados quando crianças. Estas observações me possibilitaram elaborar a Teoria do Indivíduo e incentivaram-me a estudar medicina, com o intuito de tornar-me pediatra. Decidi me dedicar, integralmente, às crianças.
Leve os escritos sobre a Teoria do indivíduo que você vai me entender melhor.”
Sai do consultório ressabiado e até me esqueci do que havia ido lá fazer. Meu interior gritava: - Como poderia ser aquilo? Mas minha meio-irmã, era uma psicóloga muito dedicada e muito competente. Sua historia de vida, falava por ela e se ela dedicava sua vida aquilo, certamente, era muito importante.
Durante a viagem de volta, comecei pensar, com minha cabeça em verdadeiro turbilhão. Notei que dentro de mim, também, havia um “ele”, que era “um galinha” - como dizia Mariana-, minha esposa.
Um outro “ele”, que era um apresentador, orador e comunicador que até imitava o Silvio Santos e outros figurões. Mas eu mesmo não. Eu era tímido; era ‘todo família’; era um homem apaixonado pela Mariana e pelo Breno. Então, porque será que eu saia com todas as mulheres que eu conseguia, nenhuma mais bonita, nem mais inteligente, nem mais gostosa que a Mari? Meu Deus, será que eu, também, tenho DPM?
Fiquei doido. Mal cheguei em casa e já comecei a ler os escritos da tal Teoria do Individuo. Conclusão: após ter lido a tal “Teoria” da Priscila: Constatei que não tenho DPM, mas, assim como todo mundo, tenho várias consciências que são ativadas em trios, isto é, de três em três, ocupando tronos internos, comandando a minha vida em períodos de tempo pré-estabelecidos. E adivinhem: no trono do meu Rei Interno está uma consciência, que é o tímido, todo família, que adora a Mari, o Breno e o futuro filho; que ama a família, ama a Deus e a humanidade... Mas, e no trono da Rainha? Lá está uma consciência, que é um excelente comunicador, o maior vendedor do mundo e, diga-se de passagem, de qualquer coisa.
E onde está “o galinha”? Hum, está no Trono do Príncipe. Ele é o interesseiro, o egoísta, o materialista e outros bichos, mas é também o maior sonhador e o melhor amigo do mundo. É o que dá a sua única camisa para o primeiro que pedir, que acredita em qualquer ser humano... É mais ou menos assim!
Na próxima, eu publico a própria Teoria do Indivíduo, para vocês mesmo fazerem as suas avaliações.
Afinal, quem será que mora aí dentro de vocês? Esta é uma pergunta intrigante, porém, só vocês mesmos é quem poderão responder.
Afinal, quem será que mora aí dentro de vocês? Esta é uma pergunta intrigante, porém, só vocês mesmos é quem poderão responder.
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